Ecovia do Rabaçal, Valpaços: O Paraíso tem um desafio “dos demónios”

“Cruzes Credo!” esta foi a primeira expressão que nos ocorreu ao olhar para uma parede de dez metros, em rocha granítica, com inclinação negativa, a primeira “desafiadora” etapa da Via Ferrata, integrada na Ecovia do  Rabaçal, em Valpaços.

Via Ferrata, Ecovia do Rabaçal, Escalada de 120 metros com inclinação de 90 metros

“Vamos subir 120 metros, com um desnível de 90 metros, em duas etapas”, explicava calmamente João Neves da PORTUGALNTN, empresa de Turismo de Natureza responsável pela dinamização da Ecovia do Rabaçal. Cada participante, de um grupo de jornalistas e bloggers convidados para “provar Valpaços”, foi equipado com arnês e capacete e recebeu todas as instruções antes de avançar. Domingos Pires, igualmente da PORTUGALNTN, sorria perante a imagem de muitas pernas a tremelicar e olhares receosos. “Vamos com calma, sem pressas, sigam as nossas indicações e garantidamente vai correr bem”, afirmava, firme e seguro, como se nos estivesse a convidar para um passeio à beira rio a terminar numa esplanada, com um fresquinho moscatel de Sonim.

O grupo manteve-se concentrado, a cumprir todas as indicações dos guias |Via Ferrata

Três, dois, um e começou, João Neves à frente subia com enorme agilidade e até parecia fácil, no fim da fila Domingos Pires atento “às manobras” de cada participante, garantindo que ninguém dava passos em falso. Com enorme determinação (quiçá alguma vergonha de fugir), o grupo foi ascendendo, um a um, e ultrapassada a primeira parede, a tal de dez metros (que debaixo para cima pareceria ter cem), instalou-se alguma descontração, o ritmo cardíaco dos participantes estabilizou, a adrenalina manteve-se alta e, com ela, cresceu a vontade de prosseguir. Os tremeliques iniciais deram lugar a gargalhadas que, se sentiam, eram de satisfação, saíam do fundo da alma.

Rocha a rocha, o grupo crescia em confiança e, na fase final, uma ponte suspensa, construída com cabos de aço (ponte Himalaia) parecia “canja de galinha” para o grupo, quais equilibristas bailarinos a exibir a destreza e a coragem. Quase bailavam.

Ponte Himalaia, Via Ferrata

A poucos metros estava o topo. Era vê-los chegar, com a roupa ensopada pelo suor, a saltar de alegria e a gritar “brutal”, “fantástico”, a “melhor atividade de Turismo de Natureza que já fiz”, manifestações de alegria incompreensíveis para quem, como eu, se deixou vergonhosamente intimidar pela Via Ferrata.

Era este o desafio “dos demónios” que levou os participantes ao êxtase, a um nível de felicidade que será a verdadeira experiência do paraíso. 

Comer, beber, caminhar e relaxar no rio Rabaçal.

Come-se muito bem em Valpaços, como alias em todo o Trás-os-Montes. E bebe-se ainda melhor. Dos famosos Vinhos de Valpaços, que pode conhecer na Casa do Vinho, no centro da cidade, destacamos os Vinhos de Sonim. Tivemos direito a provas na Adega Encostas de Sonim e também direito a um pouco de história, para perceber com que conhecimento e devoção se produz este néctar dos Deuses nesta terra.

O Folar é o ex-libris da gastronomia de Valpaços

Nas caminhadas que fizemos na Ecovia do Rabaçal, fica clara a importância da vitivinicultura neste concelho, visitamos lagares de vinho escavados nas rochas, do tempo dos romanos, e percebemos que esta fonte de riqueza faz parte do ADN local. Fátima Machado, arqueóloga do município, explicou que, em 2019, o lagar que visitamos foi utilizado numa recriação histórica e o vinho que ali se fez vai ser provado este ano em setembro.

Terras de Vinho

Tanto esforço, para fazer a Via Ferrata, tanta informação ao contactar o património histórico e tanto calor que a “prova de Valpaços” já merecia um momento de relaxe. Chegou e ultrapassou as nossas expectativas. Um passeio de canoa, na praia fluvial de Rio Torto (nome da localidade), em pleno rio Rabaçal. As águas tranquilas não exigiam esforço, mas os restos da adrenalina de alguns dos elementos que fizeram a Via Ferrata e alguma falta de coordenação entre pares ainda provocou refrescantes acidentes, viraram a canoa para gargalhada geral. Estava previsto que o passeio iria demorar uma hora, foram duas, porque ali, no leito do rio, protegidos com frondosas cortinas verdes da vegetação, os relógios param. Ainda mais porque os nossos guias nos revelaram uma praia secreta, deserta, acessível apenas de canoa. Era aqui o verdadeiro paraíso escondido. As rochas, desenhadas e esburacadas pelas águas, emparedavam o rio, a água estava deliciosa.

Praia Fluvial de Rio Torno, no Rio Rabaçal, Valpaços

Quinta da Dona Adelaide, charme e conforto

Ficamos alojados na Quinta Dona Adelaide, alias, tivemos a honra de estrear o novo Hotel desta Quinta que é uma referência no concelho. Quartos fantásticos, espaçosos, com design moderno e funcional e, o mais importante, extremamente confortáveis.

No exterior uma grande área de jardins e o melhor de tudo, a piscina maravilhosa, animada com música ambiente para o processo de relaxamento ser completo.

Piscina Quinta de Dona Adelaide

A Quinta Dona Adelaide tem ainda Restaurante e Spa.

E foi assim uma experiência fantástica, a convite da empresa Portugal NTN, que nos guiou por caminhos desafiadores, que brincaram sem reservas com as nossas nossas melhores emoções. Sem dúvida, uma experiência a repetir.

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